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AUTISMO: MAIS COMUM EM MENINOS QUE MENINAS

Informações e Recursos Sobre Autismo

Diagnosticando o Autismo
Livro do Dr. Shaw: Tratamentos Biológicos para Autismo e TDAH  
Entrevista com Dr. Shaw
Estudo Sobre Autismo
História de Recuperação de Autismo
"O problema de Leveduras & Subprodutos de Bactéria" Por Dr. William Shaw
"Controle de Oxalatos é um Novo Fator na Terapia do Autismo" Por Dr. William Shaw
"Deficiência de Colesterol: Um Fator Comum no Autismo"  Por Dr. William Shaw
"Deficiência de Lítio: Comum em Doenças Mentais e Debilidade Social" Por Dr. William Shaw
Clique aqui para ver a lista de Recomendações por Transtorno (PDF)
O autismo é uma alteração cerebral, uma desordem que compromete o desenvolvimento psiconeurológico e afeta a capacidade da pessoa se comunicar, compreender e falar, afeta seu convivio social.
O autismo infantil é um transtorno do desenvolvimento que manifesta-se antes dos 3 anos de idade, e é mais comum em meninos que em meninas e não necessariamente é acompanhado de retardo mental pois existem casos de crianças que apresentam inteligência e fala intactas.
Existe também o Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID) que difere do autismo infantil por evidenciar-se somente depois dos 3 anos de idade, referir-se a um desenvolvimento anormal e prejudicado e não preencher todos os critério de diagnóstico. O autismo atípico surge mais freqüentemente em indivíduos com deficiência mental profunda e em indivíduos com um grave transtorno específico do desenvolvimento da recepção da linguagem.
Por ainda não ter uma causa específica definida, é chamado de Síndrome (=conjunto de sintomas) e como em qualquer síndrome o grau de comprometimento pode variar do mais severo ao mais brando e atinge todas as classe sociais, em todo o mundo.
Leo Karnner foi o primeiro a classificar o autismo em 1943, logo após em 1944 Hans Asperger pesquisou e classificou a Síndrome de Asperger, um dos espectros mais conhecidos do Autismo.
HISTÓRIA - CONCEITO DO AUTISMO
 Leo Kanner ( Psiquiatra austríaco radicado nos Estados Unidos. Nascido em 13 de junho de 1894, em Klekotow, Áustria e falecido em 4 de abril de 1981 ) e m 1943 publicou a obra que associou seu nome ao autismo "Autistic disturbances of affective contact", na revsta Nervous Children, número 2, páginas 217-250. Nela estudou e descreveu a condição de 11 crianças consideradas especiais, que tinham em comum "um isolamento extremo desde o início da vida e um desejo obsessivo pela preservação da rotina", denominando-as de "autistas".
Já existiram muitos questionamentos e hipoteses sobre origem do autismo. Uma delas era de que os pais poderiam ser culpados pelo extremo isom=lamento da criança, Então 1969 durante a primeira assembelia da National Society for Autistic Children (hoje Autism Society of America - ASA) , Leo Kanner absolve publicamente os pais de serem a causa do desenvolvimento da sindrome autistica em seus filhos. Ele continuou a ocupar-se de crianças com autismo por muito tempo, por isso voltou a sua primeira hipotese de que o autismo é um disturbio inato do desenvolvimento.
Em 1972 nos Estados Unidos é reconhecido o programa TEACCH – The Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children ( em português: Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits Relacionados com a Comunicação) criado por Eric Schopler Professor de psicologia e diretor desse programa da Universidade da Carolina do Norte até 1994. Um dos pontos principais desse método é a colaboração entre equipe educadora e a família.
A partir de 1980 com a 3ª edicão do Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM III) é introduzido o capitulo dedicado a Distúrbio Generalizado do Desenvolvimento no qual o autismo passa a estar.
 
SINTOMAS COMUNS
Conforme - ASA ( Autism Society of American). A maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da criança variando em intensidade de mais severo a mais brando.
1. Dificuldade de relacionamento com outras crianças
2. Riso inapropriado
3. Pouco ou nenhum contato visual
4. Não quer ser tocado
5. Isolamento; modos arredios
6. Gira objetos
7. Cheira ou lambe os brinquedos, Inapropriada fixação em objetos
8. Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade
9. Ausência de resposta aos métodos normais de ensino
10. Aparente insensibilidade à dor
11. Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente
 
12. Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determina maneira os alisares)
13. Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal)
14. Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina
15. Age como se estivesse surdo
16. Dificuldade de comunicação em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar de palavras
17. Não tem real noção do perigo
18. Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos
    COMPORTAMENTOS DO INDIVÍDUO COM AUTISMO
   (Segundo a ASA)
USA AS PESSOAS COMO FERRAMENTAS RESISTE A MUDANÇAS DE ROTINA NÃO SE MISTURA COM OUTRAS CRIANÇAS APEGO NÃO APROPRIADO A OBJETOS
       
NÃO MANTÉM CONTATO VISUAL AGE COMO SE FOSSE SURDO RESISTE AO APRENDIZADO NÃO DEMONSTRA MEDO DE PERIGOS
   

   
RISOS E MOVIMENTOS NÃO APROPRIADOS RESISTE AO CONTATO FÍSICO ACENTUADA HIPERATIVIDADE FÍSICA GIRA OBJETOS DE MANEIRA BIZARRA E PECULIAR
       
   
  ÀS VEZES É AGRESSIVO E DESTRUTIVO MODO E COMPORTAMENTO INDIFERENTE E ARREDIO  

ALGUNS ESPECTROS DO AUTISMO
 Ao conjunto de determinadas variações, chamamos de Espectro do Autismo, pois somam-se as características autísticas, outras específicas de cada grupo de outros sintomas.
Distúrbio Abrangente do Desenvolvimento  
Autism - High Functioning, Asperger's Syndrome, PDD, PDD-NOS.\
 
CAUSAS DO AUTISMO
A causa específica, ainda é desconhecida mais há várias suspeitas de que pode compreender alguns desses fatores:
  • Influência Genética
  • Vírus
  • Toxinas e poluição.
  • desordenes metabólicos
  • Intolerância inmunologica
  • Infecções virais e grandes doses de antibioticos nos primeiros 3 anos.
SOBRE METAIS PESADOS - Uma das possíveis causas
Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades de alguns desses metais, incluindo cobalto, cobre, manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio, e zinco, para a realização de funções vitais no organismo. Porém níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos. Outros metais pesados como o chumbo e cádmio e o mercúrio já citado antes, não possuem nenhuma função dentro dos organismos e a sua acumulação pode provocar graves doenças, sobretudo nos mamíferos.
Quando lançados como resíduos industriais, na água, no solo ou no ar, esses elementos podem ser absorvidos pelos vegetais e animais das proximidades, provocando graves intoxicações ao longo da cadeia alimentar.
A ingestão, inalação ou absorção pela pele, de metais pesados ou substâncias que componham o mesmo, pode resultar em situações como o autismo, atraso mental, doenças, cansaço ou o sindroma do Golfo.
Porém ainda que sendo apenas uma hipotése , ela não deixa de ter boas bases científicas e hoje os laboratórios começam a abandonar o uso do mercúrio como conservante, em parte devido à pressão da opinião pública.
Mesmo que esse seja o motivo para o autismo não é o único. Existem diversas substâncias que estamos a acostumados de certo modo e algumas nos são impostas no convívio social como tabaco, poluição (sobretudo os gases de escape dos automóveis e fábricas), álcool, vemos que estamos vivendo num mundo demasiado poluído e que pode agravar toda esta situação.
A Medicina Alternatica Complementar (CAM), portanto, pode ajudar pessoas com autismo. Ao verificar qual foi o dano causado no organismo (seja no sistema imunológico, alérgias ou outros problemas) e trabalhar na busca de uma solução, existem dietas, tratamentos farmacológicos e terapias que em conjunto podem auxiliar a solucionar ou amenizar situações graves. E todo e qualquer tratamento iniciado precocemente terá melhores resultados.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Metais_pesados
www.autismoinfantil.com.br/

UMA A CADA 110 CRIANÇAS TEM AUTISMO

Pesquisa do CDC revela número alto de prevalência de autismo nos EUA em crianças de oito anos, além de grande aumento em relação a pesquisa anterior

Por Paiva Junior
Os números são de se duvidar. Não fosse a credibilidade do Center of Disease Control and Prevention (CDC, sigla em inglês para Centro de Controle e Prevenção de Doenças), nos Estados Unidos, a pesquisa poderia ser questionada. Mas não é o caso.
Dizer que, em média, nos Estados Unidos, temos uma criança dentro do espectro autista para cada 110 crianças de oito anos de idade é, no mínimo, alarmante. E estes são dados de 2006. Como é mais comum em meninos, eles apresentam números ainda mais preocupantes (um caso em cada 70 indivíduos), ao passo que meninas têm menor risco (um para 315) – a proporção é de quatro a cinco meninos para uma menina.
A pesquisa cita crianças nascendo com autismo, o que sugere que possa haver algum erro em tão precoce diagnóstico (ou suspeita) de transtorno do espectro autista (TEA). O fato, porém, é que o CDC teve o cuidado de analisar crianças com oito anos de idade, para que diminuísse ao máximo a possibilidade de um erro de diagnóstico ou para que não se confundisse com outra síndrome. Aos dois anos de idade, porém, a maioria dos bebês com autismo dão sutis mas visíveis sinais (leia texto do dr. Walter Camargos nesta edição).
Não bastasse o alarmante índice de quase 1% de crianças no espectro autista, o aumento médio foi de 57% (entre 27% e 95%) para os números anteriores, que datam de 2002. Muitos órgãos já citam o autismo como a maior epidemia do planeta e cada pesquisa publicada só vem corroborar com essa afirmação.

A ciência ainda não descobriu a causa do autismo. Herança genética e um gatilho ambiental (leia a respeito da polêmica entre vacina e autismo nesta edição) são hipóteses sendo estudadas, mas ainda não há um resultado conclusivo e definitivo.

Números de 2002

A estatística anterior do CDC é de uma pesquisa de 2002, com igual metodologia e as mesmas dez comunidades participantes. O resultado foi a média de um caso em cada 150 crianças de oito anos. Na divulgação daquela pesquisa, em 2007, a então diretora do CDC, doutora Julie Gerberding, avaliou: "Nossas estimativas estão ficando melhores e mais consistentes, embora não possamos dizer ainda se é um verdadeiro aumento de autismo ou se as mudanças são resultado de melhores estudos nossos", disse ela, em nota oficial. Na pesquisa de 2006, o índice ficou entre um para 80 e um para 240, com a média de um para 110. Estes estudos não são uma estimativa nacional, mas confirmam que a síndrome e os transtornos globais do desenvolvimento (TGD) são mais comuns atualmente do que se imaginava décadas atrás (leia texto do dr. Schwartzman nesta edição).

Epidemia

Será que podemos considerar que estamos vivendo uma epidemia de autismo no mundo? Uma melhora no diagnóstico não pode ser descartada, mas não há definitivamente um fator único que explique convincentemente tal explosão dos números (leia texto da psicóloga clínica Sabrina Ribeiro, nesta página).
O salto de um caso a cada 2.500 crianças na década de 1990, para o número alarmante de um para 110 liga o alerta vermelho para os especialistas da área. No mundo, segundo a ONU, acredita-se ter mais de 70 milhões de pessoas com autismo, afetando a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem. Na Inglaterra, há estudos de que o número possa ser de uma criança autista a cada 58 nascidos, segundo estudo da Universidade de Cambridge – que anteriormente era de um a cada cem. Importante lembrar também que a síndrome atinge todas as etnias, origens geográficas e classes sociais.

ONU cria Dia Mundial do Autismo
Para alertar o planeta acerca dessa tão séria questão, a ONU (Organização das Nações Unidas) criou a partir de 2008 o Dia Mundial da Conscientização do Autismo (World Autism Awareness Day), no dia 2 de abril de cada ano, e decretou abril como o mês do autismo no planeta. Para 2010, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou a importância da inclusão social. “Lembremo-nos que cada um de nós pode assumir essa responsabilidade. Vamos nos unir às pessoas com autismo e suas família para uma maior sensibilização e compreensão”, disse ele na mensagem deste ano, mencionando ainda a complexidade do autismo, que precisa de muita pesquisa. Vários monumentos e grandes construções ao redor do mundo se propuseram a iluminar-se de azul (cor definida como símbolo do autismo) para manifestarem-se em favor dessa conscientização naquele dia, como o prédio Empire State, em Nova York (Estados Unidos), e a CN Tower, em Toronto (Canadá).
Um discurso do presidente dos Estados Unidos, no dia 2, lembrou a importância da data: “Temos feito grandes progressos, mas os desafios e as barreiras ainda permanecem para os indivíduos do espectro do autismo e seus entes queridos. É por isso que minha administração tem aplicado os investimentos na pesquisa do autismo, detecção e tratamentos inovadores – desde a intervenção precoce para crianças e os serviços de apoio à família para melhorar o suporte para os adultos autistas”. Barack Obama ainda concluiu: “Com cada nova política para romper essas barreiras, e com cada atitude para novas reformas, nos aproximamos de um mundo livre de discriminação, onde todos possam alcançar seu potencial máximo”.


Realidade brasileira
No Brasil não há estatística a respeito da síndrome, apenas uma estimativa de 2007: quando o país tinha uma população de cerca de 190 milhões de pessoas, havia aproximadamente um milhão de casos de autismo, segundo o Projeto Autismo, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo (USP), portanto um para 190 habitantes (atente-se para a palavra “habitantes”, muito diferente de “crianças de oito anos”, como é a estatística estadunidense) – já seria um número terrível, mas é somente uma estimativa.
É preciso alertar, sobretudo, as autoridades e governantes para a criação de políticas de saúde pública para o tratamento e diagnóstico do autismo, além de apoiar e subsidiar pesquisas na área. Somente a suspeita e o diagnóstico precoces, e conseqüentemente iniciar uma intervenção o quanto antes, pode oferecer mais qualidade de vida e perspectivas às pessoas com autismo, assim como iniciar estatísticas na área para o país ter idéia da dimensão dessa realidade no Brasil. E mudá-la.
A criação de um sistema nacional integrado de atendimento à pessoa autista poderá colocar o Brasil na vanguarda da luta contra o autismo, através de um projeto de lei prestes a tramitar no Senado, com um texto elaborado por diversas entidades ligadas à causa. Se aprovada, a legislação será uma das primeiras no mundo a priorizar o autismo como caso de saúde pública em todo o país, incluindo cadastro, capacitação de profissionais de saúde, criação de centros de atendimento especializado, além da inclusão do autista no grupo das pessoas portadoras de deficiência. O projeto tem o senador Paulo Paim (PT-RS) como relator, que discursou no Senado, no último dia 5 de abril, lembrando o Dia Mundial do Autismo: “O Senado Federal vai cumprir a sua parte na discussão desse assunto tão importante a partir da Comissão de Direitos Humanos (CDH). Estamos elaborando uma programação para discutirmos – se necessário for, inclusive, em outros Estados –, em audiência, a proposta que já está na CDH. Tenho conversado muito com as entidades ligadas à causa, e elas são unânimes em afirmar que faltam políticas públicas direcionadas ao problema e mais investimentos em pesquisa para, com precisão, diagnosticar a doença de forma precoce”, finalizou Paim.
Ainda não há um consenso entre as autoridades de saúde para se classificar a prevalência de autismo como uma epidemia – uns favoráveis, outros ainda cautelosos. Um fato, porém, é certo: estes números indicam que o autismo é mais comum do que o câncer infantil, o diabetes e a AIDS. No mínimo, é preciso tratar o assunto com mais atenção.

Epidemia de autismo?

Por Sabrina Ribeiro
A primeira pesquisa epidemiológica sobre autismo foi realizada por Lotter em 1966, na Inglaterra. Neste estudo ele relatou um índice de prevalência de 4,5 em 10.000 crianças de 8 a 10 anos (Lotter, 1966).
Desde Lotter, dezenas de estudos já foram realizadas e encontramos atualmente, em estudos mais recentes, uma prevalência em torno de 10 para 10.000 no autismo e de até 60 para 10.000 nos TIDs (Charman, 2002; Fombonne, 2002 Wing e Potter, 2002).
As mudanças nas taxas do autismo vêm sendo debatidas com freqüência. Recentemente pensou-se até estar havendo uma epidemia de autismo. Uma das idéias era a de que o uso de vacinas como a tríplice viral (SCR: sarampo/caxumba/rubéola) poderiam estar associadas a manifestação da síndrome. Esta idéia se difundiu e houve uma redução significativa de crianças vacinadas principalmente nos EUA e Europa, fazendo com que doenças que anteriormente estavam erradicadas voltassem a aparecer. Muitos estudos foram realizados e não ficou provada a associação das vacinas com o autismo. Os estudos apontam sim mudanças significativas nos conceitos de autismo e a eficiência dos métodos para se encontrar novos casos como responsáveis por este aumento (Fombonne, 2002).
As principais razões para o aumento na prevalência são:
1)A adoção de um conceito mais amplo: houve uma evolução na terminologia e ampliação do conceito para transtorno do espectro do autismo (Wing e Gould, 1979), sendo entendido como um espectro de condições que formam uma tríade de prejuízos, que podem ocorrer com variações de níveis de severidade e de manifestação (Charman, 2002). Com isso, ampliaram-se os critérios diagnósticos e um número maior de pessoas pode ser diagnosticado dentro desta categoria.
2)Maior conscientização de clínicos e da comunidade sobre as manifestações do autismo: houve um aumento da consciência entre os profissionais e serviços educacionais e um crescimento da aceitação de que o autismo pode coexistir com outras condições (Charman, 2002; Rutter, 2004; Williams e cols, 2006).
3) Melhor detecção de casos sem deficiência mental: com a ampliação do conceito de autismo e o entendimento de que algumas de suas características comportamentais podem estar presentes mesmo que não cumpram todos os critérios para o diagnóstico, aceitou-se que o autismo ocorre com freqüência em indivíduos com inteligência normal, ainda que apresentem freqüentemente déficits na cognição social. Como resultado aumentou o diagnóstico de autismo e TID em indivíduos sem retardo mental e sem prejuízos severos de linguagem.
4) Melhora nos serviços de atendimento a esta população: Desde os primeiros achados nos anos 60, houve um aumento em serviços de educação e terapêuticos para crianças com TIDs e uma consciência pública e profissional do aumento do número de casos.A qualidade e a quantidade dos serviços para jovens com autismo ainda é menor que o ideal, mas são incomparavelmente melhores e bem divulgados do que antes. Como conseqüência, profissionais da saúde e educação têm maior consciência dos TIDs, como também o público em geral. Com isso, é mais provável que hoje em dia estas crianças passem por uma avaliação clínica e seus problemas sejam reconhecidos como fazendo parte dos sintomas de TID. (Wing e Potter, 2002;Rutter, 2004).
5) O aumento de estudos epidemiológicos: com o aumento de estudos epidemiológicos populacionais e com a utilização de métodos padronizados de investigação diagnóstica, como os questionários de triagem, houve uma contribuição para detecção de casos anteriormente não identificados em amostras clínicas. Os estudos em Centros de Referência dependem muito da capacidade de reconhecimento e encaminhamento dos casos pelos profissionais. Em estudos populacionais, existe grande dificuldade em avaliar toda a população, com isso há uma tendência a  depender de indicações. O desenho ideal então seria a pesquisa realizada casa a casa, com avaliação de todos os indivíduos suspeitos. Este modelo de pesquisa infelizmente seria muito caro, o que o torna possível apenas em pequenas populações, o que nem sempre poderia ser uma representação fiel de toda a população. É importante dizer que o aumento nos índices de prevalência do autismo significa que mais indivíduos são identificados como tendo estas condições. Isto não significa que a incidência geral do autismo esteja aumentando (Klin,2006).

Conclusão
As variações de prevalência podem gerar hipóteses etiológicas para autismo e isso é vital para seu entendimento. Estimativas acuradas da exata prevalência podem ser valiosas no planejamento de serviços de diagnóstico e intervenções. Seu planejamento e condição podem ajudar a melhorar a consciência de profissionais da saúde e da educação sobre o autismo e outros graves transtornos do desenvolvimento.
Os dados epidemiológicos indicam que a prevalência dos TGDs atualmente chegam a 1% da população, chegando a  uma média  de 1 para 70 em meninos de 8 anos. Em comparação à estimativa original (4 para 10.000) feita há quatro décadas atrás, as taxas são bem maiores do que se imaginava. Este aumento vem ocorrendo a partir da década de 60, e é, em grande parte, devido à combinação de fatores, incluindo a melhora na avaliação e o alargamento do conceito de autismo.
Apesar das tentativas sobre a possível associação das vacinas com as causas do autismo, não houve nenhuma evidência que sustentasse esta hipótese.
No Brasil dados epidemiológicos desta natureza ainda são escassos (Teixeria e cols, 2010). Pesquisas científicas na área de autismo e dos TIDs são extremamente importantes para uma melhor compreensão dos quadros e dos fatores associados, especialmente em países em desenvolvimento, onde estes dados são extremamente escassos.

Sabrina Helena Bandini Ribeiro é psicóloga clínica e escreveu também sobre ABA nesta edição.

AUTISMO - DEFINIÇÃO

O autismo é um transtorno definido por alterações presentes antes dos três anos de idade e que se caracteriza por alterações qualitativas na comunicação, na interação social e no uso da imaginação.

DEFINIÇÃO DA AUTISM SOCIETY OF AMERICAN – ASA (1978)
   Autism Society of American = Associação Americana de Autismo.
   O autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida. É incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino. É encontrado em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu até agora provar qualquer causa psicológica no meio ambiente dessas crianças, que possa causar a doença.
   Segundo a ASA, os sintomas são causados por disfunções físicas do cérebro, verificados pela anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o indivíduo. Incluem:
   1. Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e lingüísticas.
   2. Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais afetadas são: visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo.
   3. Fala e linguagem ausentes ou atrasadas. Certas áreas específicas do pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de idéias. Uso de palavras sem associação com o significado.
   4. Relacionamento anormal com os objetivos, eventos e pessoas. Respostas não apropriadas a adultos e crianças. Objetos e brinquedos não usados de maneira devida.

   Fonte: Gauderer, E. Christian. Autismo e outros atrasos do desenvolvimento: guia prático para pais e profissionais. Rio de Janeiro: Revinter; 1997. pg 3.

 
DEFINIÇÃO DO DSM-IV-TR (2002)
   O Transtorno Autista consiste na presença de um desenvolvimento comprometido ou acentuadamente anormal da interação social e da comunicação e um repertório muito restrito de atividades e interesses. As manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo.

   

DEFINIÇÃO DA CID-10 (2000)
   Autismo infantil: Transtorno global do desenvolvimento caracterizado por: a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos, e b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo: fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (auto-agressividade).

BEM-VINDO AO MUNDO ENCANTADO DO AUTISMO

O Autismo desde o Inicio

         Em 1943, Leo Kanner chamou a atenção pela primeira vez para um grupo de crianças que apresentava isolamento social, alterações da fala e necessidade extrema de manutenção da rotina. A este conjunto de sintomas Kanner denominou autismo.
         Nas décadas seguintes o autismo se fortaleceu como uma entidade diagnóstica e passou a ser estudado por muitos pesquisadores.
         Inicialmente foi valorizada a hipótese de que o autismo era causado por fatores psicológicos e de que os pais eram responsáveis pelo surgimento deste quadro por apresentarem um comportamento frio e obsessivo com os seus filhos. Com o passar do tempo, essa hipótese foi posta de lado pela literatura médica e atualmente se considera o autismo como uma desordem neurobiológica, apesar de o mecanismo preciso da doença ainda não ser conhecido.
         Em termos clínicos, os sintomas podem estar presentes desde o nascimento (70% dos casos) ou surgirem em algum momento antes dos três anos de idade em uma criança que teve o desenvolvimento aparentemente normal (30% dos casos). A criança apresenta‑se desligada do meio e não responde ao chamado do seu nome. Não retribui um sorriso e faz pouco contato com o olhar. É capaz de ficar muito tempo sozinha e só procura os outros para satisfazer suas necessidades.
         O atraso da fala, com freqüência, é a queixa principal. Observa‑se, porém, que há uma dificuldade na comunicação em geral (e não só na fala). A criança não utiliza gestos para compensar a falta da fala. Não dá “tchau” e não aponta para o que quer.
         Marcante, também, é a necessidade de manutenção da rotina. O autista demonstra grande desconforto diante de mudanças no dia‑a‑dia, como, por exemplo, a troca de lugar de algum objeto da casa. Faz questão de andar sempre do mesmo lado da rua ou pegar sempre o mesmo ônibus. A quebra desta rotina pode desencadear um comportamento agitado que leva a criança a se recusar a ir em frente enquanto não se retorna o padrão antigo. Com freqüência, apresenta interesses e manias pouco comuns. Mostra grande atração por objetos que rodam e escolhe como “brinquedo preferido” coisas incomuns como barbantes ou caixas de papelão. Manipula esses objetos de forma extremamente repetitiva, a assim pode permanecer por horas. O brincar muitas vezes se mostra rígido a repetitivo: alinhando os objetos ou colocando e retirando algo de uma caixinha. Pode passar horas decorando mapas e listas telefônicas. Estas características foram muito bem mostradas no filme Rain Man, no qual o ator Dustin Hofman interpreta um autista já adulto. Aproximadamente 10% dos autistas apresentam alguma habilidade especial, seja para memorizar, desenhar ou tocar um instrumento.
         Outro sintoma de grande impacto na vida dos portadores de autismo é a hipersensibilidade sensorial. Vários autistas descrevem o quanto os sons doem nos seus ouvidos ou o quanto um leve cutucar no seu corpo pode ser desconfortável. Alguns referem que alguns tecidos trazem profundo incomodo. É freqüente também não conseguirem processar diferentes estímulos sensoriais ao mesmo tempo. Com isto, se estiverem muito atentos em algum estímulo visual, não conseguirão ouvir uma música ou alguém falar algo.
         Já a memória visual costuma ser um ponto forte nas pessoas portadoras de autismo. Mesmo as crianças muito pequenas memorizam caminhos, organização espacial dos objetos na casa e relatam que conseguem memorizar filmes inteiros (e que em alguns momentos eles ficam “passando” na cabeça).
          Para completar o quadro, a criança com autismo freqüentemente apresenta movimentos corporais repetitivos (estereotipados), como, por exemplo, um balanço do tronco para frente e para trás, pular sacudindo as mãos, um movimento de “bater asas” ou de balançar as mãos.

Diagnostico de Autismo

         O diagnóstico de autismo se baseia somente em dados clínicos (história e observação do comportamento). Não existe exame complementar capaz de comprovar este diagnóstico. Os exames complementares permitem apenas investigar a presença de doenças que sabidamente estão associadas com autismo, como, por exemplo, síndrome de rubéola congênita, síndrome de Down, síndrome de West, esclerose tuberosa, síndrome do X‑frágil, entre outras. Em 70% dos casos, no entanto, não se encontra qualquer doença associada, e os exames complementares (radiológicos, metabólicos ou genéticos) são inteiramente normais.
         Admite‑se hoje que existem diferentes graus de autismo. No autismo leve (Desordem de Asperger) os sintomas relacionados com a dificuldade de comunicação, socialização e as “manias” estão presentes, porém de forma branda. A criança adquire fala a se alfabetiza. Algumas conseguem frequentar uma escola regular, podendo, inclusive, concluir um curso universitário. Porém, apresenta dificuldade para compreender situações sociais mais complexas (como por exemplo, o jogo de sedução), dificuldade para compreender  ironias, metáforas e piadas. Com isto, demonstram ser ingênuos para a faixa etária e muitas vezes se comportam de maneira inapropriada em determinada situação sem se dar conta.
         No autismo severo, a criança dificilmente adquire linguagem. Tende a manter o isolamento social e, com freqüência, apresenta intensa estereotipia motora e automutilação.
         É, portanto, fundamental considerar o autismo como uma síndrome comportamental na qual se encontra um leque de gravidade que possui em um extremo quadros severos (autismo não verbal) e no outro quadros leves (como a desordem de Asperger ou de transtorno Invasivo não especificado). Entre esses dois extremos são encontrados os graus intermediários de autismo.
         Apesar, porem, de todo o esforço no sentido de aprimorar os critérios diagnósticos, o grupo formado a partir destes critérios ainda é extremamente heterogêneo. Existem crianças que falam frases e crianças que não falam nenhuma palavra. Existem crianças que aprenderam sozinhas a ler com três anos e outras que nunca vão aprender. Existem crianças com desenvolvimento motor normal e outras que só andaram com quatro anos.
         Existem crianças com alguma deficiência associada (surdez ou cegueira, por exemplo) a outras sem nenhuma. Existem crianças com diferentes doenças associadas a outras sem qualquer patologia concomitante.
         Admite‑se hoje que existem diferentes graus de autismo. No autismo leve os sintomas relacionados com a dificuldade de comunicação, socialização e as “manias” estão presentes, porem de forma branda. A criança adquire fala a se alfabetiza. Algumas conseguem freqüentar uma escola regular, podendo, inclusive, concluir um curso universitário.
         No autismo severo, a criança dificilmente adquire linguagem. Tende a manter o isolamento social e, com freqüência, apresenta intensa estereotipia motora e automutilação.
         É, portanto, fundamental considerar o autismo como uma síndrome comportamental na qual se encontra um leque de gravidade que possui em um extremo quadros severos e no outro quadros leves. Entre esses dois extremos são encontrados os graus intermediários de autismo.

         Levando em conta os diversos graus de gravidade, o Autism Society of America considera hoje que 1 em cada 150 nascidos seja portador de autismo.


O Tratamento do Autismo

         Apesar de não haver um tratamento curativo para o autismo, sabe‑se hoje que algumas técnicas comportamentais e educacionais trazem algum beneficio quando iniciadas precocemente. O ideal e que tais intervenções sejam iniciadas antes dos quatro anos de idade.
         Atualmente, considera‑se fundamental que a criança com autismo viva em um ambiente estruturado, no qual as regras devem ser claras a constantes. A criança precisa saber o que se espera dela.
         Igualmente importante a reduzir o número de fatores inesperados no dia‑a‑dia da criança. O imprevisível muitas vezes é a causa de um ataque de birra. A criança deve ser preparada para modificações na sua rotina.
         Freqüentemente, a criança com autismo tem mais facilidade para compreender as informações apresentadas visualmente do que as apresentadas verbalmente. O ideal é colocar na parede um quadro com o esquema das atividades do dia e utilizar fotos ou desenhos que demonstrar a ordem em que as coisas devem acontecer. Por exemplo, a primeira foto mostra a mesa do café da manhã, a segunda foto a escova de dente, a terceira foto a piscina onde a criança fará natação, a assim por diante. Entre cada atividade, a criança deve ser levada ate o quadro para criar o habito de procurar qual e a próxima atividade.
         Inúmeras outras modificações e intervenções foram descritas com o objetivo de melhorar os sintomas do autismo. Todas elas, no entanto, demonstram melhor resultado quando iniciadas em crianças de baixa idade (menores que 5 anos). Por esse motivo é FUNDAMENTAL que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível.
Dai a importância de estarmos sempre atentos e de lembrar que:

Autismo não é raro.


CARLA GRUBER GIKOVATE


BIBLIOGRAFIA
1.       American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental /Disorder, Fourth Edition. Washington, DC: APA,1994.
2.       KANNER, L.‑Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child.2,217‑150,1943.
3.       MESIBOV, G.B.; ADAMS, L.W. & KLINGER, L.G. ‑ Autism: understanding the disorder. New York: Plenum Press, 1997.
4.       RAPIN, I. ‑ Autistic children: diagnosis and clinical features. Pediatrics, Supplemen, 751‑760, 1991.
5.       RAPIN, I. & KATZMAN, R.‑Neurobiology of autism. Annals of Neurology. 43, 7‑14, 1998.

 (Extraído de ARS CVRANDI,v.33 nº5-2000)